quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ANTROPOLOGIA DE LUTO



Foi anunciada a morte do antropólogo Claude Lévi-Strauss. A informação é de sua editora, o falecimento teria ocorrido entre sábado e domingo. Criado em Paris, ele nasceu em Bruxelas em 28 de novembro de 1908. Fundador da Antropologia Estruturalista, é considerado um dos intelectuais mais importantes do século 20. Lévi-Strauss estudou Direito e Filosofia na Sorbonne, em Paris. Lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo (USP), de 1935 a 1939, e fez várias expedições ao Brasil central.

Teve várias passagens entre os índios bororós, nambikwaras e tupis-kawahib, experiências que o orientaram definitivamente como profissional de antropologia. E que até hoje orientam, e servem como referencial aos futuros antropólogos.
As contribuições mais decisivas do trabalho de Lévi-Strauss podem ser resumidas em três grandes temas: a teoria das estruturas elementares do parentesco, os processos mentais do conhecimento humano e a estrutura dos mitos
A teoria das estruturas elementares defende que o parentesco tem mais relação com a aliança entre duas famílias por casamento respectivo entre seus membros que, como sustentavam alguns antropólogos britânicos, com a ascendência de um antepassado comum. Para Lévi-Strauss, não existe uma "diferença significativa entre o pensamento primitivo e o civilizado", declarou Díaz Maderuelo, pois a mente humana "organiza o conhecimento em processos binários e opostos que se organizam de acordo com a lógica" e "tanto o mito como a ciência estão estruturados por pares de opostos relacionados logicamente". Compartilham, portanto, a mesma estrutura, só que aplicada a diferentes coisas. A respeito dos mitos, o intelectual sustenta, desde a reflexão sobre o tabu do incesto, que o impulso sexual pode ser regulado graças à cultura. "O homem não mantém relações indiscriminadas, mas as pensa previamente para distinguir-las. Desde este momento perdeu sua natureza animal e se transformou em um ser cultural", comentou Díaz Maderuelo. Para Lévi-Strauss, as estruturas não são realidades concretas, estando mais próximas a modelos cognitivos da realidade que servem ao homem em sua vida cotidiana. As regras pelas quais as unidades da cultura se combinam não são produto da invenção humana e a passagem do animal natural ao animal cultural - através da aquisição da linguagem, da preparação dos alimentos, da formação de relações sociais, etc - segue leis já determinadas por sua estrutura biológica
"Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".
Discurso de Lévi-Strauss na entrega do 17° Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha.
Para mim, graduanda de Antropologia, Claude Levi-Strauss tem uma importancia significativa, em todo o periodo que estou na universidade, ele me fez pensar em muitas questões importantes, revolucionou a minha visão de mundo, é um clássico, poderia se dizer que ele foi para mim uma peça fundamental na minha formação acadêmica. Como disse Beatriz Perrone-Moisés, a homenagem que podemos fazer a este grande antropólogo é respeitas em suas diferenças os povos indígenas, com quem convivemos neste país.
Claude Lévi-Strauss estará eternizado por mim, e com certeza, por toda a comunidade acadêmica.
Bibliografias publicadas no Brasil
Tristes Trópicos (Companhia das Letras, 1996)
As Estruturas Elementares do Parentesco (Vozes, 2003)
Antropologia Estrutural (Vol. 1) (Cosac Naify, 2008)
Antropologia Estrutural (Vol. 2) (Tempo Brasileiro, 1993)
O Pensamento Selvagem (Papirus, 2005)
Sociologia e Antropologia, de Marcel Mauss (introdução de Claude Lévi-Strauss, Cosac Naify, 2003)
O Cru e o Cozido - Mitológicas (Cosac Naify, 2004)
Do Mel às Cinzas - Mitológicas (Cosac Naify, 2005)
A Origem dos Modos à Mesa - Mitológicas (Cosac Naify, 2006)
O Homem Nu - Mitológicas (Cosac Naify, 2009)

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